Veneração

Aquilo que eu jamais conseguirei alcançar estava na minha frente,
não era fácil de acompanhá-la, mas o caminho estava confuso,
as luzes iam passando e eu não saberia dizer se estava próximo,
refletindo agora, o sentimento poderia ter sido mais do que pavor, apesar de eu saber que aquela mulher eu seguiria pelo resto da vida.

eu alcançei,
ela parou,
eu continuei,

o desespero necessário veio,
senti um certo conforto, não fiquei constrangido, nem com vontade de resistir, tampouco com remorso de não me desculpar.

Retrato exemplar

Pronto, a imagem está confeccionada para ser apresentada como exemplo aos futuros que estarão pendurados pelo prego no concreto.

Méritos e derrotas, a foto na parede e o sorriso nitidamente estampado na base do "x" de ponta a ponta. Felicidade em um instante, imediato, quanto os dentes sem graça rápidos colocados.

Sorria ! Olha o passarinho.
O flash é cegante e o resultado é nitido.

Uma frase sustenta ainda mais a idéia.

Esse é o cara do mês.
Com a cara que querem.

Pendurado pelo prego no concreto dando exemplo.

Detalhes

Da passagem,
do lugar invertido,
das palavras e dos textos escritos.

Os detalhes em que tanto lhe ajudara, que tanto sabia manuseá-los, caprichados, sabiamente usados nos momentos.
Foram os detalhes que lhe quebraram a cara, que se voltaram contra, detalhes que ninguém mais podia enxergar, atos minunciosos, detalhes que ardiam, que queimavam.
Foram os detalhes involuntários, sem cuidados,

da passagem,
do lugar invertido,
das palavras e dos textos escritos.

Barreira

Ingressado de corpo e pensamento,
travado, destinado aos possuidores dos meus orgãos que se acabam a cada dia.
A cada dia.

Desenvolvimento quase nada.

Doces

Segundo andar do próximo prédio, recepção de plantas e o chão sujo. Algumas moedas nos acompanha. O portão, como sempre estava trancado, mas, nada nos impede, pulamos o muro e ralei o joelho.

As janelas fechadas e as lâmpadas acesas.
As moedas são poucas, mas já serve, vamos aguardar.

A luz do olho mágico apagou, em seguida abriu a porta.
Surge a pergunta: "Pois não ?!"

Ela levará nossas moedas e os nossos dentes.