Quando diminuem os olhos com os clarões dos postes, é que se percebe a escuridão da noite. Nesse espaço infinito, sem limite de trajeto, cheio de becos, cheio de lixo, tão gelado, tão escuro, também se sente proteção e claridade.
Um mendigo quer meu porre, uma velha quer minha comida, uma prostituta faz uma promoção, me oferecem uma viagem. Sou criado em berço quente, mas me perco no escuro, e todas as luzes são como um grande cobertor, que aquece. E assim se vive um sonho de olhos abertos, sendo envolvido pelos braços desse espaço, desse abrigo quente, protetor e iluminado.